domingo, 9 de dezembro de 2007

Ribose e os exercícios físicos


A importância das vias bioenergéticas para contração muscular esquelética tem sido amplamente apreciada nos dias atuais. Contrações musculares intensas e repetitivas geram uma condição de hipóxia no músculo esquelético, ou seja, diminuição na chegada de oxigênio à célula muscular. O corpo então utiliza vias metabólicas anaeróbias na tentativa de sustentar a demanda exigida, através do catabolismo de compostos de fosfatos altamente energéticos como ATP. Porém, como os níveis de oxigênio estão limitados, as contrações musculares podem ser mantidas somente por um curto período de tempo, pois os compostos energéticos disponíveis não são suficientemente capazes de manter as contrações por um tempo prolongado.
Assim como os baixos níveis de ATP, a concentração de adenina nucleotídeos é similarmente afetada durante o exercício intenso, se tornando reduzida durante períodos de hipóxia ou metabolismo anaeróbio. A depleção das moléculas de adenina nucleotídeos e a diminuição de sua concentração podem desencadear o estado de fadiga metabólica e, para recomposição de seus níveis, o corpo utiliza o metabolismo de novo de nucleotídeos purínicos, ou então, as vias de recuperação.
Algumas evidências indicam que um dos principais caminhos para a síntese de novo de nucleotídeos é a fosforilação da ribose em ribose-5-fosfato a partir da via da pentose fosfato. Outros dados indicam que a glicose, através da mesma via, possa ser uma peça chave para o processo regenerativo das moléculas de adenina nucleotídeos, pois a glicose-6-fosfato também pode ser convertida em ribose-5-fosfato. Após essa conversão, a ribose-5-fosfato sofreria uma ação enzimática e resultaria na formação de um novo composto, o 5-fosforibosil-1-pirofosfato (PRPP). Uma vez formado, o PRPP é convertido indiretamente para inosina monofosfato (IMP) que, então, é convertida para adenilosuccinato pela anedilosuccinato sintetase e, em seguida, em AMP, através da adenilosuccinase. Sendo assim, o AMP estará disponível para ser refosforilado para reposição das concentrações de ATP depletadas durante a contração muscular.

Na via da pentose fosfato existe a participação de enzimas como a glicose-6-fosfato desidrogenase e a 6-fosfogluconato desidrogenase, sendo que ambas possuem uma atividade limitada, tanto no músculo esquelético quanto no músculo cardíaco. Um outro dado muito importante é que as concentrações de ribose no músculo são encontradas em pequenas quantidades. Sendo assim, evidências indicam que as vias para síntese de ribose-5-fosfato e de seus compostos derivados, como o PRPP, apresentam algumas limitações.
Baseado nisso, há a sugestão de que uma maior disponibilidade de ribose poderia resultar em um aumento da formação de PRPP e da taxa de síntese de adenina nucleotídeos. Então, a suplementação de ribose exógena pode ser uma possibilidade no caminho na geração de uma resposta metabólica apropriada para a “ressíntese” de adenina nucleotídeos, pois esse composto possui uma passagem direta para a via da pentose fosfato, sofrendo uma conversão direta para ribose-5-fosfato pela enzima riboquinase, não necessitando da ação da glicose-6-fosfato desidrogenase e 6-fosfogluconato desidrogenase na formação do PRPP. Como resultado, poderia ocorrer aumento na síntese e recuperação de adenina nucleotídeos por uma via mais direta .

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